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Wednesday, August 22, 2007

Eficiência travada

A defesa de Denise Abreu, diretora da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), de que não teria “especificamente” tratado com a juíza Cecília Marcondes a liberação da pista de Congonhas e que o tal “estudo”, publicado no site da agência como norma por “engano” de sua equipe técnica, mas entregue à juíza em meio a “outros papéis” a complica de qualquer forma. Não há explicação que possa justificar uma ação que direta, ou indiretamente, acabou por induzir a erro uma decisão judicial para liberação da pista.

O estudo sem qualquer efeito legal, fantasiado de norma no papelório, dispunha sobre a proibição de uso da pista às aeronaves que estivessem com um dos reversos inoperantes em caso de chuva. A questão não é culpar apenas a falta das ranhuras na pista no acidente que causou o maior desastre aéreo do país. Que ocorreu num dia de chuva; com um avião com um dos reversos travado; com possível falha de manutenção em uma das turbinas, que apresentara no mesmo dia problemas; com possível erro do piloto no uso do manete; possível pane no computador; com a aeronave lotada de pessoas e cheia de combustível. Um ou cada um de todos esses detalhes podem ter causado a tragédia, resta saber o que revelarão os estudos feitos com base nos dados da caixa preta.

Mas mesmo que a investigação constate que o acidente ocorreu não apenas por um fator, mas sim pela conjunção de todos eles, isso não servirá como argumento para absolvição coletiva. E a advogada Denise terá que responder como um “estudo”, divulgado até no site da Anac, fora incluído por engano na papelada entregue à juíza num encontro onde a diretora alega que estava apenas “representando a diretoria da Anac”. Como diretora, ela não faz parte da diretoria? Estranho. Mais estranho é a agência não ter promovido o tal “estudo” ao grau de norma. E que, ao ser aplicada, houvesse fiscalização para seu cumprimento.

Apenas isso, ao menos, poderia evitar o acidente por completo ou pouparia vidas caso a pista de pouso fosse a de Guarulhos; caso o avião não esteve repleto de combustível nas asas; caso não estivesse acima do peso; caso... O que interesse é que o papel específico da Anac não foi cumprido, somou-se a todos os outros infortúnios do vôo 3054. E é um exemplo que prova que a diretora, ou toda a sua equipe, voam pelo serviço público com um dos mais caros itens de segurança travado: a eficiência.

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