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Friday, November 30, 2007

Em defesa de uma ciência etilicológica

Dr. Ilano Brás Armando Mamanquaza

A humanidade está prestes a presenciar aquilo o que tem tudo para ser o marco da passagem definitiva, e assertiva, da ciência para o século XXI. A preocupação com a sustentabilidade do crescimento econômico frente à necessidade de alterar, drasticamente, as fontes de energia e, conseqüentemente, toda uma cadeia de produção que deriva da força motriz, da liberação do quociente sinético do movimento, que inflama as engrenagens de transmissão das esferas culturais e produtivas, faz-se necessário uma nova ciência capaz de mensurar as transformações em curso.

A preocupação é tamanha com o aquecimento global que crescem os casos de histeria e suicídio coletivo, propalado por seitas radicais como o Movimento pelos Brócolis da Feira do Sétimo Dia, os Arautos da Chicória e a União dos Vegetarianos Sem THC (Tâmaras, Hortaliças e Curry). O radicalismo também pode ser notado nos movimentos que defendem o status quo energético. A Igreja Quadrangular do Virabrequim, o movimento “Deus, Falsidade ideológica e Petróleo” e as “Mães da Praça é Nossa”, querem queimar na Avenida Paulista, dez toneladas de alface contrabandeadas pelos supermercados do coreano Law Kem Shoyo. Não é de assustar que tais fenômenos sociais tenham sua gênese no compasso acelerado das mudanças de temperatura, umidade e pressão.

Dia-a-dia o aquecimento global vem derretendo o gelo da Antártica, alterando tanto o meio ambiente que até nas mais férteis terras da cordilheira, no lado boliviano, não é mais possível fazer a coca colar raiz firme ao chão; A estiagem vem transformando os rios em fios raquíticos de água que nem passarinho bebe; nos oceanos, maremotos que assustariam a frota do Kaiser. Nem guará na mata há que possa suportar os dias longos de sol. Até os ingleses estão perplexos com a mínima possibilidade de perderem traços culturais arraigados por décadas, porque com o impacto na agricultura, onde é que se caça chá para a reunião das cinco?

Sem dúvida que a redução das emissões de gases que provocam o efeito estufa é uma saída para interromper a aceleração da catástrofe que se avizinha, igualmente importante é a utilização de combustíveis biosaudáveis. Mas o que era para ser um acidente, trouxe à baila a descoberta de um superfertilizante capaz de criar melhores espécies vegetais para absorver gás carbônico. Pesquisadores da Universidade de Glass Goule, na Escócia, beberam uísque em comemoração à notícia, recém propalada pela rádio, que o Prêmio Nobel da Paz havia sido concedido aos cientistas que participaram do Painel de Mudanças Climáticas IPCC. Justamente em Glass Goule, a equipe chefiada pelo italiano Giuseppe Inquinato, trabalhava na micropropagação de espécies selvagens de alecrim, capazes de absorver de forma mais eficaz o gás carbônico e resistente ao calor extremo.

Na estufa, onde tubos e mais tubos de ensaio sustentam em seu ventre pequenas mudas de alecrim, os incautos cientistas derrubaram meio litro de uísque no meio de cultura de um número ainda não confirmado de tubos de ensaio. Após duas garrafas enxaguadas, espantaram-se ao perceber que o número de plantas em cada tubo de ensaio havia duplicado, e inacreditavelmente, o número de tubos de ensaio havia quadruplicado. A pesquisa foi realizada novamente, com a abertura de mais duas garrafas de uísque.

Um cientista recém formado, no entanto, deixou-se levar pelo entusiasmo da nova descoberta, e decidiu que, ao invés de jogar meio litro diretamente sob os tubos de ensaio, deveria utilizar uma pipeta, que alternava o rego das plantas e a boca dos pesquisadores, para avaliação do PH da solução.

O resultado não foi um sucesso, como do modo anterior, ocasionado pelo mais puro acaso. Eis que Inquinato, chefe da equipe, decide reproduzir o acidente primevo, tanto para obter mais sucesso da divisão pluricelular de pipetas, uísques e alecrins, como para comparar os dados proporcionados pelo primeiro evento às novas tentativas de se fazer proposital aquilo que era acidental. O resultado, que será publicado na revista científica Etilycus, é que houve uma fagosíntese entre os átomos de vidro, células de alecrins por causada da solução etílica misturada ao meio de cultura vegetal. São ainda cambaleantes os meandros a serem perseguidos pela ciência no âmbito do aquecimento global, mas o método, essa luz que ordena a intempestividade do desconhecido, já está definido pelo big bang dessa nova ciência: a etilicologia.

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