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Wednesday, December 05, 2007

Família Simpsons em: Revelações. “versão brasileira, BKS”

Sentado em seu sofá confortável, Evaristo Polis divide sua atenção entre a que considera a melhor revista e o seu telejornal predileto. Não que ele veja as duas coisas ao mesmo tempo. Não, definitivamente. Espera o início de cada comercial na tevê para continuar folhando sua revista, saboreando fotos, verbos e, principalmente, adjetivos. Quantos adjetivos! Passa os olhos pelos comerciais. Aliás, ele teme os comerciais. Há algum tempo, era possível passar os olhos pelas palavras, ou escuta-las, sem o atropelo dos comerciais. Mas ultimamente, até o jornal, o qual ele assina há anos, vem cercando os textos pelas beiradas, deixando a notícia como se fosse parte do comercial das Casas Sergipe! E na TV.... Até a TV Costura encurtou a programação para os comerciais.

Mas, ao som da vinheta acalentadora, que estimula a alma ávida por “in”-formação, assim como desejava a igreja chamar a atenção dos fiéis com seus sinos, ele volta o olhar para a tela de plasma, recebendo informações novas e emocionantes. Desde a invasão americana no Iraque, comprara um “home theater”, para ouvir os tiros, os zunidos dos aviões e bombas, as pás dos helicópteros cortando nos céus a vitória triunfante no teatro inimigo. “Gosto desse desse tom de voz... desse ritmo, parece um filme. Sente o gesso do teto tremendo com esse barulho dos aviões... Nossa Senhora!”, balbucia, em meio ao som alto da TV, para sua mulher, Cida D’Ann Polis. Mas com o som alto da TV, parecia mesmo que Polis apenas mexia os lábios, frente ao ronco os motores em uma matéria sobre a F-1.

“Esqueceu que esse aí ó. Sim, esse aí ó... Ele falou uma vez, dona Clara é que me falou... disse sim. Sabe a Dona Clara, num sabe? A cunhada da filha da Márcia, amiga da Fernanda, que veio aqui ontem;;;; Ah, não se faça de besta! Então, ela disse que esse aí faz o jornal pensando em você como se fosse o Homer Simpnson”, sorri Cida, cuja maior preocupação era não perder o início da novela.

Enquanto o Sr. Polis fazia cara de lesado, por um momento o som da TV desapareceu por um problema técnico, desses momentâneos. Eis então, que um som de taquara rachada, preenche a sala; “O que é isso?”, aterroriza-se Cida. “Sua filha... Ela não te contou que agora está aprendendo saxofone?”. E, assim, Polis não se faz de rogado.

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