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Saturday, October 17, 2009

A celebração dos 20 anos de uma parceria singular


Um samba, que não é samba. Um rock, que não é rock. Essa dificuldade em se definir a que gênero pertence grande parte da música que continua a fluir do movimento “Vanguarda Paulista”, dos fins dos anos 80 até hoje, não é exclusividade dos críticos. “Minha música é tudo o que não é”, diz categoricamente a cantora Alzira Espíndola, sem o franzir da testa daqueles que procuram, desesperadamente, apenas catalogar. “A música que tem um rótulo, às vezes, é tão bem feita dentro da sua proposta, que tem que tirar o chapéu. Essa coisa mais de produção de massa é difícil de lidar. Eu não sei, decididamente. Gosto de ser singular e de ter, pelo menos no material, o meu campo onde eu posso cuidar. Cada um está aí para o seu talento.”

E é nessa singularidade que o movimento, até hoje, obtém seu sucesso, independentemente da venda de discos. Prova disso poderá ser experimentada pelo público de Curitiba, que no sábado (17/10), receberá Alzira e a poetisa Alice Ruiz, sua parceira há 20 anos, no show do disco “Paralelas”, no Teatro Paiol. O disco foi lançado em 2005, pela Duncan Discos, da cantora Zélia Duncan, e vendeu uns dois mil exemplares, conta Alice, que está feliz por apresentar, finalmente, o seu trabalho ao vivo para o público da sua cidade natal. E, também, comemorando a vitória de seu segundo prêmio literário. Em setembro, ela venceu o Prêmio Jaboti de Poesia, com o livro “Dois em Um”, com toda sua poesia publicada na década de 80. O primeiro prêmio Jaboti foi com “Vice Versos”, em 1989.

“A gente faz uma música que tem certo compromisso com o novo, com certa ruptura. Tem esse feeling de Vanguarda Paulistana. Ambas fomos parceiras do Itamar Assumpção. É um tipo de música que não se não toca muito no rádio e o fato de ter poemas no disco, talvez, cause estranhamento”, comenta Alice, que também não tem por que se preocupar. Primeiro, porque suas poesias, declamadas na música, ou interpretadas por Alzira, Zélia Duncan, Arnaldo Antunes, Cássia Eller e Zeca Baleiro, Dona Zica, entre outros, ganharam seus espaço dentro ou fora da grande mídia. E, além disso, ela não tem tempo para checar a quantas anda cada uma de suas produções. Está sempre viajando, dando palestras sobre haikais, uma de suas grandes paixões. Além do prêmio literário, está também preparando outros livros. E sua filha, Estrela Ruiz Leminski, caminha nos mesmos passos na poesia e na música, e também participa do show, ao lado das convidadas Rogéria Holtz e Luciana Worms.

Comida é arte – Alice espera também levar o show para Campo Grande, terra natal de Alzira. Para que o show seguisse até Curitiba, foi preciso uma grande dedicação da produtora Tatjane Garcia, que correu atrás de patrocínio, batizando o projeto de “Para Elas”. “Quando a Alice ganhou o segundo Prêmio o projeto ‘Para Elas’ já estava aprovado. Mas o primeiro Jabuti contribuiu na aprovação. Coloquei esse nome porque tem uma música no CD com este título, mas o projeto é para o lançamento do CD Paralelas e a comemoração dos 20 anos de parceria da Alice e da Alzira, que se conheceram em 1989”, diz Tatjane, que conseguiu recursos para o show com a ajuda principal da Eletrosul Centrais Elétricas e da Itaipu Binacional, entre outros.

Segundo a produtora, o show também terá o objetivo de levar cultura a duas comunidades quilombolas do Estado. A entrada para o evento será um livro, usado ou novo. Romance, ficção, pode tudo, menos livro didático. “Essas comunidades passam necessidade, mas sempre estão recebendo alimentos. Mas eles também têm outro tipo de fome”, diz Tatjane. Os livros serão enviados para as Comunidades “Paiol de Telha”, em Guarapuaba; e comunidade de “João Sura”, no município de Adrianópolis. (Roger Marzochi/AE)

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